quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Volúvel

Meu corpo é 70% líquido

Minha alma é 100% água

é a água da tempestade
destrói tudo
varre muros e asfaltos
arranca árvores e carrega carros
para a vida de todos

é a água que evapora
e vaporosa forma nuvens lânguidas
vapor em todas as partes
em todos os lados
em todos os poros

é a água dos rios
fura pedras
se esconde em cavernas
se refaz
e surge de novo
vitoriosa

é a água da garoa
chora de mansinho
faz surgir um pequeno arco-íris
mas mal se sente a sua presença

é a água da piscina
represada
presa
servil
mas fatal

é a água da lágrima
corre pelo rosto inocente da criança
que logo a esquece
vai brincar

é a água do corpo
suado e moído pela força do trabalho
explorada
vendida

é a água da saliva
beijo apaixonado
esperado
totalmente entregue
totalmente vida

Minha alma é volúvel
Minha alma abraça o mundo

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Subjuntivo

Se
Na certeza de não sentir
Tivesse forças
Para ir
Sair
Em paz
Com meus pensamentos...

Mas há dúvida
Entre servir
Ou partir.

Espero.

Meus sonhos
Em acalento.

Talvez a paciência
E um pouco de paz
Façam meu coração ferido
Pulsar novamente
No ritmo certo.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

no abismo

Não sei se vou
Ou se fico

A mão pega a caneta
E sobre o papel limpo
Solta o lápis

Os dedos correm sobre o teclado
O monitor em branco denuncia
Silêncio

As mãos
Os olhos
O coração
O corpo todo
Apenas espera

Não há voz
Nem aqui
Nem lá

Não vou
Não fico

Permaneço ausente
No abismo
Entre o nada
E o lugar nenhum.