quarta-feira, 13 de julho de 2011

Meu mundo antigo

[Livremente inspirado no poema
"Lembrança do mundo antigo"
Carlos Drummond de Andrade]
ainda espero cartas que custam a chegar
ainda espero o céu verde sobre o gramado azul

quero o carinho guardado na alma
quero o futuro escondido na gaveta trancada

desejo uma nova manhã
talvez um novo jardim

sinto o peso do relógio
sinto o gosto da água ocupando meus pulmões

anseio a chegada de quem eu não conheço
a porta inabalável

mas não há mais flores
não há mais cor

noite limpa
sem lua e sem estrelas

domingo, 3 de julho de 2011

redemoinho encarnado

O ar chega vermelho
em instantes não há mais azul
nem verde
nem dourado
nem branco

As roupas do varal se camuflam
As árvores se assustam
O Sol tímido prefere se esconder
O firmamento de sangue permanece
O pouco que resta de lua brinca de pique comigo
entre pesadas nuvens rubras

O vento gelado entra pelos meus ossos
Mistura-se ao meu sangue
O corpo treme incessantemente
não há controle
não há paz
não há luz

Os joelhos miram a rua
ânsia de corrida
Os pés não obedecem
gelo que paralisa
O coração quase para
sangue-de-drago
resina

O céu escarlate pende sobre minha cabeça
O ar forma barro nos pulmões

seca

No meio do redemoinho encarnado
não há mais ninguém
Nem saci
Nem eu