sábado, 16 de agosto de 2014

Os olhos da noite

O projeto do texto fora feito depois de ver esse desenho de Troche em uma noite de insônia e trabalho. Algumas noites em claro e alguns dias de incômodo foram necessários para desencravá-lo da pele. Ei-lo finalmente.




Não sabia o que era dormir. Sonhar, descansar e deixar a alma pairar sorrateira em outro plano eram coisas cujos significados práticos desconhecia. Quando o mundo se aquietava, ela sentia nos pés a casa sibilar tranquila e sossegada. Satisfeita, levantava e ia com passos rápidos porém curtos, arrastando as chinelas de algodão pelos corredores que sonhavam com dias ensolarados e chuvas verdes. Não tinha pressa. O mundo tinha seu ritmo e ela sabia que eles se completavam, nunca houve competição.

No quarto escuro, a cama ronronava de mansinho. Para ela não havia convite. Do fundo do guarda-roupa costurado à parede, sacava as agulhas e as linhas. Havia muito o que fazer. A noite sempre escura cumpriria sua jornada longa marcada pelo pêndulo do antigo relógio de pé alto  do avô de seu avô. 

De volta à sala, pelas janelas imperiais escancaradas, o vento frio vinha lhe saudar carinhoso e companheiro como um cachorro.Ao redor da cadeira de balanço, ela dispunha suas linhas em cestos de vime, que há muito tempo talvez tivessem guardado cobras do encantador,  e, no seu compasso sutil, punha-se a tecer a noite. Linha negra para noite sem lua. Ia desenhando as constelações, ligando as estrelas e planetas com seus fios prateados. Formava sonhos que não se realizariam. Desenhava as histórias que não terminaria. Formava o véu que cobriria seu dia e cerraria seus olhos nulos.

Cadeira vai, linha vem, balanço volta, fio caminha além. Buscando o fio da meada. Onde se perdera assim? Os olhos vazios na noite negra. As lembranças no dia feliz e quente no balanço da árvore. Não entendia como o traçado do mundo pudesse ser outro. O verde era um tapete borrado sobre sua cabeça, o céu sempre lhe desenhava nuvens mais deformadas no chão. As mãos mecânicas pareciam ignorar o pensamento longe  e continuavam a tecer o que viam: breu ponteado, um enorme tecido poa.

As memórias dançando na cabeça desbotada. Aquela manhã pincelada por cores minúsculas. Sentia o sol na pele e o tecido fino roçar seu braço. Gostava do contato do voil assim. Era um homem, sabia pela maneira como se aproximava, vinha vestido de nuvem. Não lembra seu nome, talvez nunca soubera. Gostou do som de chocolate da sua voz, não da sentença dada. A noite vai se fechar definitivamente sobre ela. O gosto ficou de repente amargo demais. Sua história ficaria assim por terminar desbotada. Tecido inacabado.

Na sala, as mãos buscavam o vermelho e o vinho e, aos poucos, desenhavam as nuvens sombradas, rubras e densas. O fio prata desapareceu. Era possível que viesse a tempestade. Quisera morrer naquele dia, não daria a chance para a vida se apagar assim devagar da vista. Desejara somente guardar aqueles traços borrados e desfigurados que tinha como família e pertenciam a ela. Só e no escuro. Preferia que tudo se apagasse de um só vez. Nunca mais viu o médico com voz de chocolate amargo. As nuvens avermelhadas denunciam a chuva no horizonte escuro.

A cadeira no movimento frenético. Suas mãos tecendo cada vez mais rápido iam vomitando o manto avermelhado da madrugada fechada. Já não havia estrelas. Nem a Estrela d'Alva pôde com a força escura. Em sua cabeça, o breu também dominava a visão. Não haveria mais o que ver. Não havia mais como ver. O desejo pela escuridão definitiva viera intenso quando as últimas sombras de luz e cor se apagaram numa noite e nunca mais acordaram novamente. A madeira do chão lhe dizia agora se era hora de tecer ou de esperar.

Como que de repente, o Sol romperia a trama traçada a noite toda. As últimas gotas de linha vermelho sangue se desenharam assim misturadas ao negro desbotado, ao laranja e ao rosa. A faca para o pulso nunca cumpriu seu propósito. Seguiu esquecida entre hortelã, cebola, coentro e manchada de tomate na cozinha. A vida agora pedia café. Desenhou por fim os últimos raios das mãos da Aurora e rendeu o serviço.

Ela seguia assim, com os olhos de um azul incômodo muito abertos, a vista apagada definitivamente e a alma fechada na sua na infinita escuridão.







domingo, 3 de agosto de 2014

No Ipiranga

Texto desenvolvido durante as aulas de Português pela aluna Letícia Araújo de Carvalho, 5ª série, da escola estadual Ruben Cláudio Moreira em Ribeirão Preto para a Olimpíada de Língua Portuguesa - 2012. 
O poema passou da fase municipal e atingiu a fase estadual.
O trabalho em si foi muito gratificante para mim e creio que para meus anjos/alunos também.

No Ipiranga,
crianças a brincar
soltando pipas pelo ar
são jatos a decolar.

No Ipiranga,
passarinhos coloridos
com seus cantos divertidos
cantam suas melodias
nas árvores
como os artistas cantam suas músicas
nas rádios.

No Ipiranga,
perfume de café de madrugada
e as bicicletas como formigas
saindo para trabalhar com o dia ainda dormindo.

No Ipiranga,
escolas, padarias, açougues
lan houses, mercados e hospital.
O que mais se precisa afinal?

A vida passa devagar
na paz da minha manhã.
O sol acorda tranquilo
o rio dentro do ribeirão.




Nath era uma menina atrapalhada e em um acaso do destino acabou ajudando em uma sessão de fotos ´para o novo cd de uma super banda de rock
essa aproxdimação de nick o chefe da trupe não vai dar certo
os outros intregantes vão ficar com ciumes
o publico tbm
e o antigo namorado tranqueira dela tbm



No clip eles estavam vestidos de ladys antigas e manipulavam umas roupas de ken que tomavam vida e dançavam e cantavam tbm