E se a vida for de verdade um grande lago salgado?
Nele não há sapos
nele não há peixes
nele não há nem aquelas plantas enroscadas nas pedras calçadas
no fundo
Nele o corpo flutua sem resistência
mas a pele resseca
o cabelo resseca
os olhos ressecam
A face sempre olhando para o céu
no limiar corpo imóvel
não há ventos para mudança
não há substrato para o existir
nem há pássaros que possam ditar o caminho
Nele a vida é mal definida quando a água vem do céu
mas nesse inverno seco
dessa Terra seca
são meses sem chuva
são meses de sal
Ainda assim, olha lá:
o corpo resiste dissecado nesse lago salgado e estéril