Olha para baixo, a altura a deixa zonza, dá uma passo para trás, mas o vento refresca seu rosto, bagunça seus cabelos e a convida para o pulo.
Ela resiste, ainda carrega na pele a lembrança da última queda. As cicatrizes estão ali. O salto não parece uma opção, volta-se e pela primeira vez visualiza a floresta pedrificada onde esteve presa por tanto tempo. Suas pernas doem. O sol bate em seu rosto. Depois de tanto tempo no breu, no meio das pedras úmidas, a luz a incomoda. Pensa em voltar, lá não haveria quedas nem hematomas a serem tratados, só alguns espinhos que ela já conseguia remover sem maiores dores.
Mas a luz esquenta seu corpo, entra na sua pele. Olha novamente para o precipício. O céu está azul, como há muito não via. O vento lhe sussurra palavras doces que lhe refrescam a alma. Só mais um passo e já sente o chão começar a ceder sob seus pés descalços.
O vento a abraça e a chama. Ela deseja. Mas quem a segurará no fim do salto? O vento mexe em seus cabelos e a arrepia. Sente seus pés ainda darem um último passo. O vento a envolve. O medo acabou.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
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