quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Despertar

Ela abre a janela, respira o ar gelado que deveria ajudar a despertar.
O sol ainda preguiçoso recusa-se a acordar. Mas é dia. Dia cinza. Sabe que é necessário sair. O relógio toca pela segunda vez. Vai se atrasar.
O cheiro do orvalho, da grama, da terra. Ela não quer. Deita mais uma vez. Quer o calor da cama e o acalento dos sonhos. A luz fraca lhe acaricia o rosto. A hora de levantar já passou há muito. Não há mais como prolongar o calor da cama e das cobertas. Levanta
O sangue devagar corre por todo o corpo. Pode senti-lo nos pés. A bruma branca brinca sobre o verde molhado. O corpo caminha devagar.
No espelho, o rosto desconhecido e sonolento. Água corre pela torneira. O tempo passa, ela precisa ir. Por quê? Para onde?
No espelho procura a resposta. Há quanto tempo?
O coração se aperta. Não sabe. Não sabe mais. Procura no passado, não encontra. Aquela paixão pelo imediato passou. O futuro lhe parece uma grande incógnita. Para quê? Pergunta ainda mais uma vez para os olhos vazios que lhe fitam.
A Aurora tinge o dia cinza com seus dedos rosas delicados.
Ela não consegue se mexer. E as respostas? O modo automático não funciona mais. Precisa de outro meio.
As mãos cheias de água alagam o rosto. Uma, duas, três vezes. Aos poucos os olhos vidrados voltam à vida. A paz ameaça retornar suavemente ao peito. Ela se troca e sai. Sem olhar para trás.

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