sábado, 27 de fevereiro de 2010

indigestão

[É incrivel a capacidade humana de se desviar do seu objetivo
e de se concentar em bobagens, mesquinharias e fofocas]
o homem abre a boca para comer o outro homem

seu vizinho
seu colega
seu companheiro

indigestão
e destruição
para
palhaço
bailarina
músico
boneco
bruxa
maria
joão
leão
princesa
e inventor

todos dispostos a engolir o outro

sem antropofagia
sem glória
sem honra
eliminação total e desnecessária

se juntos formariam um
isolados formam nada


sem palco
sem luz
sem som
sem público
sem palmas

silêncio total e absoluto
um espetáculo
que não provoca sentimento algum

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Relativizando

[Levemente nonsense, extremamente avec sense]

No rosto,
a neblina
encobre um sorriso.

Um sorriso que iluminaria o mundo.

Mundo que acabará em água.

Tempo é algo relativo,
às vezes,
para.

Para com dedos percorrendo cordas
de guitarra.
Saudades do violão.

Pela metade
com a cabeça na praia
ou na serra?
ou na capital?
ou no campo?
ou, quem sabe, na lua?

Espaço é algo relativo,
por vezes,
inexiste.

Dedos agora no teclado.
O monitor dispersa,
vagamente,
a chuva d'alma.

Será que chove lá?

Água desaba dentro dele
e engole o sorriso.

O sorriso que mudaria o mundo.

Saudades do violão.
Saudades do passado perfeito
_____[e também do imperfeito.
Saudades do futuro do passado.
Indicativo ou não.

E o dia chuvoso,
chuva lá
chuva aqui,
ele passa assim:
pela metade

separado de si mesmo
tentando se completar,
ora tocando
ora teclando.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Minha viagem particular e diária

Como controlar
para onde vão meus pensamentos?
Quando percebo
já viajei de um passado fantasioso
para um futuro tão hipotético
que fica evidente a impossibilidade de se realizar.

Por alguns poucos períodos
me esforço pra me fixar na verdade
na realidade que desfila diante dos meus olhos.

Sofro.
Choro
Prometo me controlar.
Parar de sonhar.

Mas logo depois estou novamente divagando
passeando
entre o sonho do passado
e a maravilha do futuro
não há como controlar o destino dessa viagem
e fatalmente me machuco novamente.

Assim sigo minha vida
com meus pés no chão
com minha cabeça na lua
com uma ferida aberta no coração.