quarta-feira, 29 de junho de 2011

tão cansada
tão cansada
q posso até ouvir os passos da angustia se aproximando
ela vem pousar sua mão sobre meu coração

meu coração para sob a mão pesada da angústia
alma cristalizada

a tarde avermelhada
a noite chega sem lua
nem estrelas

sábado, 25 de junho de 2011

Ao(s) meu(s) amor(es)

Sinto muito, meu bem
não posso lhe declarar meu amor único e verdadeiro

Eu já amei antes

No colégio, era apaixonada por um colega
amor velado
silencioso
fazia meu coração parar
e meu corpo tremer.

Na adolescência,
amei perdidamente,
à moda Capuleto,
um rapaz que vi uma única vez
foi muito tempo
na busca
de mais um olhar
mais um toque
um único beijo.

Conheci a paixão
na maioridade
violenta
intensa
e fugaz
deixou marcas e cicatrizes
difíceis de esquecer
impossíveis de remover.

Durante a faculdade,
veio de mansinho
um amor tranquilo
-no momento de calmaria-
avassalador
-durante a tempestade-
e entre chuva e bonança
construímos uma vida.
Até a água acumulada levar quase tudo

Já adulta,
meu amor chegou em outra forma
palavras carinhos ouvido e ombro
a distância e a proximidade
ao mesmo tempo
o tempo para mim e para ele
sem imediatismo
sem pressa

Mas não posso lhe afirmar meu amor único,
pois não o é.

Tive vários amores
todos importantes
cada um no seu tempo.
Eles permanecem lá,
no meu coração,
intactos.

Eu é que sou diferente.

domingo, 19 de junho de 2011

Poema Lexical

Os dois
pela Terra passeando
e estudando
e, como não podia deixar de ser,
trabalhando...

Eles não são daqui
não tentam a sorte na loteria
embora gostem da ideia do milhão
Euros
...
espertos
...

Não buscam o frenesi dos jogo com bola
gostam de jogos com palavras
ambiguidade
metáfora
polissemia
elipse
zeugma
hipérbole
_________curva ou não
a existência de uma forma não exclui a outra

as herméticas exigem um significado

Grego
ou
Romano?

papirófilo
ou
chartamaníaco?

mas eles não acreditam na sorte
não conferem os bilhetes...

por vezes, queriam estar juntos

todavia os caminhos
-e os planetas-
são diferentes
os encontros acontecem pela madrugada
à distância...

aqui e ali
o mundo no bolso
sobre as camas
até acabarem as baterias

domingo, 12 de junho de 2011

Metamorfose

chegou de surpresa
carinhos
cuidado
proteção

ela se acostumou
gostava
o toque
a tranquilidade
a leveza
a paz

tudo se encaixando

Sob o céu de baunilha
vida de margarina

mas a noite chegou
mais cedo que o esperado
e escuridão invadiu o corpo
já tão desacostumado

vieram junto
a ausência
a distância
o frio
o perigo

o peso

a mentira
inesperada
tola
inútil

o quebra cabeça
desmanchado sobre a mesa
não há mais mãos
pra juntá-lo
não há mais esperança
para fazê-lo

a dor paralisa
o frio congela
o coração para
de novo

O breu se aproxima rapidamente
não está sozinha
o medo a acompanha