Fiz a média ponderada entre a temperatura da praia equatorial e a dos mares do sul, somei a velocidade da brisa que sopra nos cabelos da menina no balanço de frente à minha janela e concluí: você, definitivamente, é sazonal.
Sei que El Niño e La Niña se revezam nas chuvas ou na seca do nordeste; Halley dá o ar da graça uma vez a cada 76 anos, numas vezes de forma excepcional, noutras decepcionante; sei também que a primavera vive seguindo o inverno sem nunca alcançá-lo...
Porém ainda falta definir seu ciclo, para isso terei que verificar as voltas dos golfinhos na Baía de São Marcos e as flores no altar de Nossa Senhora da Vitória, para que, junto ao número de folhinhas da figueira que existe no meu caminho para casa, forme uma equação infinita.
Por vezes, queria definir seu rastro, sua direção, saber seu próximo pouso, me antecipar ao seu passo... mas minha matemática não é tão boa assim.
Desse modo, só me resta olhar pela vidraça e contar o universo esperando que, entre uma escala e outra, você tropique de novo no meu mundo.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Sazonal
Você é sazonal
é uma onda do mar
vem e vai
não consigo pegar
nem aqui
nem lá
Não há como controlar seu tempo
suas estações
do outono ao verão
do se fechar ao se permitir
Enquanto vem e vai
neste e naquele
estar ou não estar
passa a ser a questão
que engrena os pensamentos
Sem ter como prever,
invariavelmente
o perto se torna longe
o beijo, um adeus
o carinho, um aceno
e o aqui, lá outra vez.
é uma onda do mar
vem e vai
não consigo pegar
nem aqui
nem lá
Não há como controlar seu tempo
suas estações
do outono ao verão
do se fechar ao se permitir
Enquanto vem e vai
neste e naquele
estar ou não estar
passa a ser a questão
que engrena os pensamentos
Sem ter como prever,
invariavelmente
o perto se torna longe
o beijo, um adeus
o carinho, um aceno
e o aqui, lá outra vez.
domingo, 21 de agosto de 2011
No mar
E navegando ele foi
sem olhar pra trás
na esperança de nunca mais voltar
Com meio coração trancado no peito
em terra ela jaz
quem sabe um dia ele volta a pulsar
a outra metade está
para sempre
sepultada no mar
sem olhar pra trás
na esperança de nunca mais voltar
Com meio coração trancado no peito
em terra ela jaz
quem sabe um dia ele volta a pulsar
a outra metade está
para sempre
sepultada no mar
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Do mar...
[para você, que, mesmo tão longe, às vezes parece tão perto]
Ele chegou numa onda
aportou na praia
ainda perdido
trazia as cicatrizes
falava quase nada
uns minutos de atenção
o suficiente para recobrar o fôlego
e na onda seguinte
foi
A vida seguiu
A lembrança acompanhava a maré
Até que um dia ele apareceu de novo
quase sem marcas
trazia o vinho
de um reino distante
contava histórias de outros campos
a encantou
Ele acordava enquanto ela sonhava
mas o mar sempre o levava de volta
o reino estrangeiro ainda o prendia
Nos poucos momentos de fuga,
ele dançava pelo Atlântico
em busca dos dedos entre os cabelos
do carinho no rosto
do encaixe da mão
da boca no canto dos lábios
do tato descobrindo o corpo
calor
Os olhos no horizonte
buscam os olhos do outro lado
buscam os braços no sono tranquilo
buscam o sentimento guardado
na caixa esquecida
Agora, estão assim
com um oceano entre eles
fitando a lua cheia
esperando a próxima maré
aguardando o próximo encontro
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