segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Na eternidade daquele instante


o relógio parado
o mundo a espera
o dia guardado
calendário marcado

minha mão medindo na sua
palavras ao pé do ouvido
perdidas entre vinhos e risadas

encontro meus olhos nos seus
o arrepio percorre a espinha
a mão busca o rosto
sua boca
os olhos semicerrados
seu braço me puxando para perto
seus lábios que avançam sem se importar
o choque da sua pele na minha

seus dedos entre os anéis dos meus cabelos
seu corpo entre o meu
minha alma envolvida na sua

dança ritmada
fluída
entregue
sem medo
sem pressa
sem fuga
sem tempo

Na eternidade daquele instante



Dia de Macarronada


O sol entre laranjas, rosas e margaridas amarelas
o brilhante da grama
ar fresco
dia de bicicleta
de macarronada.

Os risos
e o movimento
preenchem a casa.

Entre a sala de jantar
e a cozinha
um congestionamento
de carrinhos e bonecas.

Num pulo, o Batman e a Fada Rosa estão na frente do fogão
com carinhas de piedade
"Estou morrendo de fome!!"

Hiperbólicos

O mundo para naqueles sorrisos enormes
e a vida segue mais feliz.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Entre a primavera e o estio


Ela encosta no sofá. O vazio e a plenitude ocupam agora o mesmo lugar. O peito fica pequeno para tanto. Entre correr e esperar, ela para. A cabeça a incomoda. O pó acumulado pelos dias sem chuva também.
A vida presa entre a ideia do passado e o desejo do futuro. Num instante, o mundo passa a andar em câmera lenta
Queria correr, sentir o vento no rosto. Queria os tempos de garota. A alegria de voar, quase não sentir os pés no chão, sem cansar. O mundo todo num segundo.
Queria esperar, fechar os olhos e só acordar. A fantasia terminada. A vida por começar. Sonho transbordando da alma por todos os poros.
Seus músculos não respondem. As mãos percorrem o sofá, buscam respostas no relevo dourado do tecido azul. Entre flores e arabescos
O tempo seco irrita o nariz e a garganta. A cabeça dói. Cronos segue seu caminho sem se importar com nada disso.
As pernas pulsam. No impulso, a porta aparece à sua frente. Ar. Não há.
Os pulmões colam às costas. Não consegue gritar. O grito fica guardado na garganta.
O despertador toca. Ela não se mexe. Gosta da música.
O coração suspira.
A vida segue estancada.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Meu segredo


Falaram que parece que vi o passarinho verde
que ando só dentes
doce
e leve

Falaram que a áurea está colorida
que ando rosa
vermelho
azul

Falaram que ando cheia de flores
Que por onde passo
fica o perfume
de margaridas
rosas
lírios
tulipas

Andam dizendo que estou mais iluminada
como se radiando luz
de faróis
estrelas
e sóis

Dizem que meus passos agora parecem música
como se alguma forma dançasse
uma mistura de bolero
forró
e samba

Querem saber meu segredo
o porquê da mudança
procuram entre diários
papéis
postais

Não sabem que ele está escondido
lá longe
lá no mundo antigo...

Não sabem que ele só vem às vezes
(às vezes bem às vezes)
com um sorriso gostoso
trazendo nos braços e no abraço
o pássaro
o arco
o jardim
a luz
as notas

e me deixa assim...