quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Nos cabelos do mar


a vida no mar
negro
denso
pesado

o corpo suspenso na água

o sopro na pele branca
não abala os cabelos pretos grudados na face
exangue

os dedos leves ainda lembram a busca
"o mar não tem cabelos" repetia o avô
enquanto balançava na rede com um dos pés para fora
pitava sossegado
ele sabia disso

olhar fixo
céu nublado
será que chove?
não saberá

no lapso da memória
sua última contradança
com a onda
que o levou para lá


domingo, 25 de dezembro de 2011

Dias de paz


A onda traz
do mar tranquilo
dias de paz

Mergulho na água quente
o corpo leve
solto
no ritmo da maré

A música vem
com sabor de
abacaxi
maracujá
e limão
saciando a alma

O sol eterno ilumina
o rosto moreno
o sorriso aberto
franco
gostoso

A dança na sala
música
risos
e voltas

Passeios na orla

À noite, o cafuné
os dedos perdidos entre os cabelos
o toque na pele
mil coisas na cabeça

A vontade do beijo

Mas é hora de ir
o relógio é impassível

O sol só renasce na realidade.

sábado, 24 de dezembro de 2011

nosso último poema


E agora?

pego os poemas
e as poesias
os sonhos
o cartão
o postal
os beijos que não foram dados
e guardo-os todos
numa caixa
envolta em panos grossos
em um canto perdido da alma
escondida da memória

deixo que as lágrimas
afoguem o que resta
de vontade
de esperança

não haverá novo dia
e a caixa guardada
em algum tempo se tornará só um sonho

um sonho bom de uma realidade que desejei para mim