domingo, 3 de março de 2013

noite no jardim secreto



eu estou aqui
apesar do vento frio
no cabelo molhado
e da batalha cotidiana
com ossos moídos e mente inteira

a estrela brilha incessante
apesar da lua cheia
esparramada pelo céu
e das nuvens avermelhadas
que passeiam coloridas e escassas

o grilo e a coruja piam
cada um no seu canto
apesar do bicho que passa por perto
(escuto o farfalhar das folhas secas
mas não consigo definir qual seria)

a luz amarela da lua ilumina fracamente o jardim
apesar do caminho aprisionado nas sombras
das grandes árvore
que, imagino, protegem os andarilhos
nos dias de sol

deve ser um bonito jardim
pela manhã
laranja, azul e verde roseado
com joaninhas e formigas
sem grilos e nem corujas

o vento chicoteia meu cabelo
desfaz o dia
traz a noite
todos compareceram
a estrela e a lua
as nuvens
o grilo e a coruja
o bicho indefinido
eu e meu cabelo molhado
mas você não

perdeu
a lua reinando
o vento no rosto
o poema que eu havia escrito
esquecido agora molhado entre as folhas escuras

perdeu
o jardim secreto da minha alma


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