sábado, 2 de janeiro de 2010

Nas pontas dos dedos

Os dedos percorrem o corpo, ela quer guardar o seu desenho, a sua pele.
Desenha o rosto, os olhos, quer levar esse olhar para sempre junto contigo. A boca. Sente por não haver como desenhar o beijo, o gosto daquela boca na sua. O queixo, a barba que começa a despontar e se enrosca no cabelo displicente dela.
Desenha o seu pescoço, o ombro, vai guardar a maciez da pele de seu peito, das suas costas, do seu rosto. Desenha seus braços, suas mãos, com suas marcas e suas cicatrizes.
O relógio é insistente e incessante.
Não pode perder tempo, é necessário guardar cada informação, cada desenho, cada centímetro, todas as marcas e toda cor.
Entretanto sabe que a a luta é dura e nula. Mais rápido de que gostaria, aproxima-se a hora da partida. Aproxima-se o tempo de ir.
Ela vai mas, à surdina, carrega o desenho daquele momento nas pontas dos dedos.

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