sábado, 23 de abril de 2011

claustrofobia

pela janela aberta,
a brisa salgada
a noite escura
e o cheiro do mar
chegam devagarinho
mas ele está lá
fechado entre o quarto e a cozinha
com os pensamentos a lhe consumir

a boca formiga
a mão sua

o vento balança as cortinas
o ar não preenche seus pulmões

o corpo já não se cabe mais
o sangue
o copo
a tinta
explodem de ânsia

saca os fones
talvez o som ocupe
o vazio revolto
não é só
o coração diminuto ainda não se fez contente
precisa de mais

consistência inconstante

a casa diminui
o teto desce
o espaço se anula
ao lado
a porta
saída
a maneira de escapar
fugir

sai

agora
para onde ir?
não importa
o lado de fora
cansa o corpo
areja a alma

aos poucos,
o breu entra pelos poros
ocupa o espaço
reestabelece o frágil equilíbrio

Um comentário: