segunda-feira, 28 de maio de 2012

céu vermelho


céu vermelho
nuvens brancas na noite clara
o vento gelado corta a alma em fatias finas
mas ainda não ameniza
a angústia

talvez chova
mas não importa
talvez chore
pouco importa

a dor não sairá
está escondida
nas voltas que o sangue dá no coração

o grito não dado arranha a garganta
o gosto amargo permanece na boca
o pulo inerte prega os pés no chão
o tapa continua gravado na cara
________________________e na mão

o vermelho escorrega das nuvens
a chuva vermelha esparrama o sangue no cimento ocre

quente

mas a dor ainda pulsa no corpo entorpecido
ininterrupta.

domingo, 6 de maio de 2012

Festa na Lua



Na noite iluminada
nuvens claras
os sapos se aquietam
a coruja dorme pensando que é dia
o sertão se aquece.

As estrelas se encolhem
dia de descanso
só ela brilha
soberana.

Estico o braço
toco a lua
São Jorge está lá
comendo queijo
com o dragão.

Olhando um pouco mais
quase posso ver Naiá e Narciso
casal formado no fundo do lago.

A Iara, que apresentou os dois,
também fora convidada.

Na beira da fogueira,
entre bries e cheddar,
Méliès e Verne conversam animados.
Wells mandou lembrança.

Armados de uma corda e um barbante,
desceram de lá
o Barão de Munchausen e Chicó
pra me contar o sucedido
antes de irem num cometa pra Maceió.

estico o braço
toco a lua
são jorgue está lá
comendo queijo
com o dragão

a noite segue iluminada
clara